Quando falam que o Brasil é desorganizado, eu geralmente tento defender, citando as diversas grandes invenções até mesmo disruptivas e tipicamente brasileiras, como o próprio sistema bancário nacional e a mais recente invenção do PIX, que revolucionou como nós lidamos com as transações financeiras.
Mas tem coisas que não dá para defender...
Recentemente me deparei com alguns adesivos de eficiência energética do programa de etiquetagem veicular, desenvolvido pelo Governo Federal em parceria entre o Inmetro e o Ibama, para identificar de forma objetiva os veículos menos poluidores disponíveis no mercado nacional, cujo exemplo pode ser visto a seguir.
É importante observar que o modelo desta etiqueta encontra-se no site do Inmetro e que um veículo participante deste programa deve ter esta etiqueta colada no seu para-brisa no momento da venda, demonstrando a suposta seriedade do programa.
Porém parece que a seriedade do programa, pelo menos na parte do governo, termina por aí...
O selo possui um logo do conpet, supostamente o programa para melhorar os veículos nacionais no quesito de emissões. O primeiro problema é que este selo ou programa não existe... pelo menos não mais de forma oficial em lugar nenhum.
Embora a mais recente tabela de veículos publicada no Inmetro em outubro de 2024, que você pode encontrar neste endereço, ainda fale que para maiores informações você deve acessar o site www.conpet.gov.br , o mais curioso é que este site simplesmente não existe (pelo menos não na data em que eu estou publicando este artigo (pode tentar... site inexistente).
O Conpet foi criado entre uma parceria entre o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras para racionalização do usos dos derivados do petróleo, na época do petrolão, porém a última instância que eu encontrei do site através da Wayback Machine foi em 2020 e de lá para cá nem o Google sabe mais o que Conpet significa, o que mostra que o programa foi, na prática, descontinuado a mais de 4 anos e, mesmo assim, ainda vem sendo referenciado pelo Inmetro quando se trata do programa de etiquetagem.
E adicionalmente, a etiqueta tem um QR Code que leva ou a uma página inexistente ou a uma página com limite mensal de leituras expirado, o que mostra que os órgãos oficiais não estão preocupados nem com a disponibilização de informações coerentes sobre o programa. Vai lá... pode tentar ler o QR-code na imagem e ver o resultado...
Contra este tipo de coisa, realmente não tem defesa e, pior, isto me faz pensar em quanto mais programas com nomes bonitos já foram inventados para simplesmente caírem no esquecimento após gastos provavelmente absurdos.
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