17 de mar. de 2024

Proibição de Fotos em Formatura

 Tive uma experiência extremamente desagradável bem recentemente em uma festa de formatura.

Fui convidado para toda cerimônia de formatura de uma universidade aqui em Curitiba (missa, colação e festa), na qual eu conhecia não apenas uma, mas 3 formandas. Não pude ir na missa, pois foi em um horário no qual eu ainda estava ocupado com coisas do meu trabalho, mas fui à colação e à festa, tudo organizado por uma empresa chamada Formatture.

Olhei os convites de ambos os locais onde fui (colação e festa) e, em nenhum deles, constava que seria proibido tirar fotos. Isto, na minha opinião, seria inclusive bizarro em um mundo de celulares, onde um iPhone 14 Pro Max tem, na prática, mais chances de tirar uma foto boa do que eu com minha câmera.

Avaliei, porém, que na colação, por ser realizada em um teatro, não fazia sentido levar a câmera, já que sem uma lente com um grande zoom não conseguiria tirar nada que prestasse mesmo.

Na festa, em compensação, eu levei minha câmera canon EOS 80R, uma câmera semi-profissional com mais de 10 anos idade, juntamente com a lente 25-50mm que veio com ela quando a comprei e um flash adicional. Nada realmente especial e, mais uma vez, nada que hoje em dia um bom celular não consiga fazer com relativa agilidade.

Ao chegar na festa, obviamente existiam diversos "cenários" montados para os formandos tirarem fotos com a equipe contratada pela Formatture, os quais contavam com flashs externos, luzes e softs, todos já preparados e ajustados. Obviamente nem tentei tirar fotos lá, já que eu iria obviamente atrapalhar o esquema já preparado pela empresa.

Porém, na entrada dos formandos, me posicionei próximo à pista, porém, obviamente fora dela, desliguei o flash, já que não queria porventura "concorrer" com os flashs da equipe de fotografia da empresa e aguardei até a entrada dos formandos, momento em que levantei minha câmera para tirar algumas fotos da entrada deles. Foi aí que meus problemas começaram...

Uma representante da empresa, assim que viu minha câmera, veio diretamente até mim exigindo que eu guardasse a câmera pois era proibido tirar fotos ali, exigindo que eu guardasse a câmera no guarda volumes (nem mesmo na mesa poderia deixar). Eu questionei o porque de terem me deixado entrar com ela (já que ela estava em uma bolsa de câmera bem fácil de ser vista), momento no qual ela chamou os seguranças para me "escoltarem" até o guarda-volumes.

Tentei argumentar mais uma vez e ela disse, de uma maneira bem ríspida, que os formandos tinham assinado um contrato de proibição de máquinas semi-profissionais ou profissionais e que ela poderia processar eles.

Neste momento falei para ela que, obviamente, o motivo daquilo era somente porque ela iria querer vender as fotos únicas e exclusivas dela para faturar mais, ao que ela me respondeu algo como "claro, é meu dinheiro".

Neste momento uma das formandas que conheço já havia entrado e saí dali realmente contrariado em direção à mesa onde estava a bolsa da minha máquina sendo surpreendido pela representante ter me seguido junto com dois seguranças e querendo saber quem era a formanda da mesa na qual eu estava sentado.

Nesta altura não estava mais nem olhando para ela, guardando vagarosamente minha câmera e, posteriormente, sendo levado por um dos dois seguranças, muito mais educado e compreensivo que a representante da Formatture.

A festa acabou para mim naquela hora...

Em um mundo no qual, novamente, câmeras de celular bem operadas podem fazer um belo serviço, um motivo puramente exploratório como proibir fotos me deixa sem fala. Até mesmo o critério do que pode ou do que não pode é extremamente subjetivo: se tivesse levado minha câmera portátil, que não pode com certeza ser considerada semi-profissional mas também uma Canon que, inclusive, aceita múltiplas objetivas, poderia ter tirado fotos? E se tivesse levado minha Canon profissional antigona, que ainda usava filme, eu poderia ou não tirar fotos?

E tudo isto para que? Simplesmente para se esconder atrás de uma barreira intransponível: se os formandos querem fotos, que sejam as minhas, independente de serem ou não "personalizadas", e devem pagar mais por isto.

No lugar de uma proibição destas, porque não melhorar os serviços e fazer mais fotos melhores e personalizadas? Se as fotos oficiais deles fossem melhores do que as minhas, não vejo porque os formandos não as comprariam. Mas isto, obviamente, acarretaria em mais trabalho e mais custos para a Formatture, e é muito mais fácil (e lucrativo) forçar artificialmente a exclusividade.

E pior de tudo, lá pelas 2:00 a equipe de fotografia parou para comer. Eu, claro, entendo a necessidade de se alimentar, principalmente em um evento que segue noite adentro. Mas por quase uma hora a festa ficou praticamente sem registro fotográfico, perdendo, inclusive, uma garotinha de pouco mais de 5 anos subindo ao palco e dançando com a banda que estava tocando.

Simplesmente um descaso e uma falta de visão de futuro

16 de jan. de 2024

Pix matou o DOC... ou o progresso vem para o bem ou para o mal

 Nesta última segunda feira, dia 15, o sistema de transferências bancárias via DOC foi extinto (oficialmente isto acontecerá apenas dia 29, porque ainda existem transferências na modalidade para serem compensadas).

O motivo disto é, obviamente, o Pix, que revolucionou a forma como os brasileiros trabalham com o dinheiro. Afinal de contas, para que que alguém ainda utilizaria um DOC, que eventualmente era cobrado pelos bancos, para enviar no máximo R$4.999,99 em uma transferência que poderia levar até 24h para ser compensado quando pode fazer o mesmo sem limite (falarei disto depois), com efetivação instantânea e de forma gratuita?

O Pix matou completamente esta forma de movimentação e, em breve, mais outras coisas serão mortas, como os débitos automáticos, que o Pix programado provavelmente enterrará, assim como anos atrás a digitalização dos bancos matou os cheques (quem não lembra dos adesivos "bom para").

O futuro e a evolução são inevitáveis e temos de nos adaptar a elas, seja para o bem, como o Pix, seja para o mal, como atualmente anda a discussão sobre utilização de I.A. para geração de imagens.

Mas mesmo para as alterações que vem majoritariamente para o bem, como o Pix, sempre podem existir coisas com as quais devemos nos preocupar e que, muitas vezes, nem sequer foram cogitadas originalmente.

A padronização de Pix gerou toda uma série de novas formas de roubo. As instituições financeiras deixaram limites irreais de transferência para seus clientes e os ladrões se aproveitaram da velocidade da efetivação da transferência para lucrar rapidamente. Um efeito colateral não previsto e que, até o momento, não tem muita solicitação.

Mas resumindo, não se apegue demais a como as coisas são ou foram, porque, com a velocidade com que estão mudando, talvez amanha seja tudo diferente...

7 de jan. de 2024

A Ilha Misteriosa

Dando seguimento à épica leitura das obras completas de Júlio Verne, chegamos à Ilha Misteriosa, romance de 1873 que acompanha a história de cinco náufragos de um balão.

Tentando escapar de uma cidade americana controlada pelos opositores durante a guerra de secessão americana, os cinco improváveis amigos roubam um balão durante o ataque de um furacão, o qual os leva para os confins do mar, até uma ilha aparentemente desabitada, o que os torna náufragos improváveis, pois não vieram de uma embarcação usual.

Inicialmente o engenheiro Cyrus é dado como morto na queda do aeróstato, mas após alguns dias, ele é encontrado ainda com vida, o que além de inesperado, já que ele é encontrado mais adentro na ilha, sem saber como lá chegou, providencial, pois, como em diversos livros de Verne, ele é a fonte inesgotável de saber, que lidera os demais, então, colonos da ilha batizada de Ilha Lincon.

A história segue, então, nas peripécias feitas pelos colonos não apenas para sobreviver, mas também para prosperarem na ilha, criando desde um refúgio quase inexpugnável até mesmo plantações, moinhos e tudo o mais.

Mas por mais impressionante que seja a capacidade estes colonos, diversos fatos misteriosos sempre parecem ajudá-los quando eles mais precisam, desde o salvamento Cyrus. E isto é o que torna este livro interessantíssimo: ele junta outros dois livros anteriores no mesmo universo compartilhado.

O primeiro, os Filhos do Capitão Grant, é conectado quando, ao descobrirem a existência de uma ilha próxima, a ilha Tabor, eles resolvem fazer uma carca para lá navegarem e, ao chegarem lá, encontram Ayrton, um dos algozes daquele livro, agora recuperado de seus crimes e tornado um sexto habitante da ilha Lincon.

Já o segundo livro é muito mais improvável, porque a figura misteriosa que parece ajudar os colonos é ninguém menos que o Capitão Nemo, 18 anos após os eventos finais de 20.000 Léguas Submarinas. O Nautilus havia sobrevivido ao Maelstorm e, após a morte dos seus tripulantes, um a um, fora buscar aposentadoria justamente na ilha Lincon, uma ilha não mapeada. O Capitão, ao ver os colonos, resolveu ajudá-los eventualmente, o que se torna extremamente providencial durante todo o livro.

E já que livro de mais de 100 anos não tem spoiler, ainda veremos novamente Robert, o Filho do Capitão Grant, pilotando o Denver e caminhando para a salvar os colonos que, no último capítulo do livro, sofrem um perrengue que nem a inteligência de Cyrus conseguiria contornar.

No fim das contas, o livro é surpreendentemente interessante, contando uma história empolgante e que liga os pontos entre duas outras obras do autor.

27 de set. de 2023

O País das Peles

Dando uma acelerada na leitura das obras completas de Júlio Verne, terminei as duas partes de O Pais das Peles, romance original de 1873 que acompanha uma companhia de caçadores de peles na criação desafortunada de uma nova feitoria no extremo norte do Canadá.

No livro, o Tenente Jasper Hobson é instruído na construção de uma nova feitoria de caça para a Hudson's Bay Company, tentando melhorar a caça de peles avançando mais do que os concorrentes franceses e americanos.

Junto aos bravos homens que acostumados ao frio, junta-se Paulina Barnett, uma viajante que acompanha a criação da feitoria e, embora seja uma das poucas personagens feminina e demonstre diversas vezes um caráter forte, acaba tendo pouca ou nenhuma influência na aventura, o que a deixa subutilizada por demasia, quase que como um personagem secundário.

Além dela, um viajante de última hora, Thomas Black, o astrônomo, se junta a aventura de fundação para poder observar um eclipse completo do sol. Inicialmente pensei que ele fosse ser o "cientista sabe tudo" presente corriqueiramente nas aventuras de Júlio Verne, mas o personagem é pior que Paulina, sendo deixado completamente de lado como um inepto completo quando seus planos não dão tão certo quanto ele previa e que, mesmo com uma importante participação no último capítulo da aventura, é mais um personagem descartável.

Agora que já discorremos sobre os personagens, a hostória é dividida de uma forma interessante. A primeira parte trata da aventura dos desbravadores a caminho do ártico, enfrentando o clima e os animais na difícil tarefa da formação de uma nova feitoria, até que, sem que eles saibam, o inimaginável aconteça.

Se você não leu o livro ainda e não quer spoilers (embora spoiler de um livro de 1800 eu acho não seja possível, melhor parar de ler aqui!

26 de ago. de 2023

Uma Cidade Flutuante

Continuando minha aventura literária de Júlio Verne, chegamos a Uma Cidade Flutuante, o qual narra as aventuras principalmente da travessia do atlântico dentro do Great Western, um navio de proporções enormes para a época, e que fora utilizado para passar o cabo telegráfico submarino anos antes da narrativa.

O livro, acompanha um dos viajantes que, por acaso, acaba encontrando um camarada antigo que busca atravessar o atlântico para se recobrar de uma desilusão amorosa. Mas para dar algum sentido ao livro, sua amada acaba casando obrigada com um patife, o qual se encontrava no navio, dando algum fundo para o livro que, em sua maior parte, simplesmente narra o cotidiano fantástico de um navio transatlântico naqueles tempos.

Sem a figura usual do cientista sabe-tudo, comum em vários livros de Julio Verne, este acaba sendo, comparado a muitos outros, apenas uma descrição técnica de como as coisas aconteciam e se desenrolavam durante uma viagem daquela magnitude, parando esporadicamente para acompanhar a vida dos hóspedes do navio.

Adicionalmente, soma-se que, neste livro, a única personagem feminina é vista como completamente desamparada e sem nenhuma chance de nada, a não ser que alguém venha resgatá-la... bom, até para quando foi escrito acho que isto era um pouco subestimar o poder feminino.

Em resumo, até agora o livro que menos me agradou de todos os que já li.

2 de abr. de 2023

Nova Zelândia - Parte 2

Continuando os posts de dicas a respeito da Nova Zelândia, vamos falar um pouco sobre atrações turísticas e locais para visitar. Mas antes que você pense que se trata de um post a respeito de top 10 coisas para fazer, não é bem disto que vou falar aqui, mas sim sobre sua organização a respeito de quando e como fazer as coisas que você escolher.

E a primeira coisa importante a ter em mente: horário de funcionamento!

Na Nova Zelândia quase tudo o que é turístico tem horário de funcionamento entre 9:00am e 04:00pm, e muitos lugares só abrem a partir das 10:00am e alguns poucos fecham às 03:00pm ou tem entrada máxima neste horário. Pouquíssimos locais tinham funcionamento após escurecer e, geralmente, eles necessitavam de reservas antecipadas que já estavam esgotadas a meses.

Isto significa que  muito do seu dia pode ficar completamente inútil se você não planejar bem o que fazer e quando fazer, encaixando os locais próximos e levando em consideração o tempo de translado entre um local e outro.

Em compensação, muitos parques e passeios naturais são abertos 24h ou, quando não o são, geralmente já estão abertos às 7:00am ou, mais tardar, às 8:00am e fecham só após escurecer, o que pode ser facilmente encaixado em qualquer horário do seu dia de turismo.

Em nosso caso, por exemplo, geralmente fazíamos algo nestes locais mais flexíveis (e na maioria das vezes gratuitos) no início do dia, depois seguíamos para as atrações com horário de funcionamento e, se ainda havia tempo, seguíamos para outros locais abertos 24h.

Mas após planejar seu dia, sempre é bom verificar se você precisa comprar entradas antecipadas.

Embora muitos locais não tenham problema nenhum em chegar e comprar a entrada na hora, como os Zoológicos de Wellington e Auckland e os passeios de barco de Paihia, muitos outros locais precisam de planejamento, ou você simplesmente não conseguirá entrar.

Uma dica é verificar os sites dos locais que você planeja visitar. Entre neles e veja se você conseguiria comprar entradas para hoje mesmo ou amanhã. Se tiverem muitas vagas, significa que os ingressos não esgotam tão facilmente e você pode arriscar. Se você não conseguiria, aí é bom se planejar e comprar os ingressos antecipadamente.

Alguns locais, como Hobbiton, visitas a Weta, cavernas de Glowing Worms e diversos passeios noturnos, são tão disputados que você terá de comprar os ingressos com semanas de antecedência (entradas para jantar em Hobbiton ou visitar Zealandia à noite tem ingressos esgotados pelos próximos 3 meses no momento que escrevo isto).

O jeito é organizar estes passeios mais concorridos e montar sua viagem ao redor deles.

E já que estamos falando de comprar entradas, uma outra dica que nos foi passada pela dona de um dos locais onde ficamos: sites de descontos!

Existem 2 sites de descontos locais na Nova Zelândia, onde você pode encontrar ingressos substancialmente mais baratos (compramos a viagem de barco para ver o Hole in the Rock com 50% de desconto): GrabOne e BookMe. Basta escolher a cidade onde você está ou estará e o site mostrará uma série de atividades onde você pode comprar ingressos com descontos.

O problema são as letras miúdas... muitos dos descontos mais significativos dependem de você entrar em horários pouco usuais, como entre 13:00 e 14:00 ou com apenas 1 hora antes do local fechar.

Os dois sites valem muito a pena e economizamos muito por lá, mas você tem que estudar direito se o desconto vale em relação às condições. Por exemplo, não adianta pagar 30% a menos se você só terá uma hora para visitar um parque geotermal cuja trilha dura 2 horas.

O que me lembra de mais um detalhe interessante: tempo de visitação.

Nestes dois sites de desconto são mostrados o tempo médio de visitação de cada local, mas, na minha experiência, você pode colocar 50% a mais em todos os horários mostrados lá, salvo algo que você já tenha visto antes (como seu 5º parque geotermal).

E quando se trata de caminhadas, coisa que nós gostamos muito de fazer, aí pode colocar 50% a mais de tempo em tudo, ou até dobrar o tempo mostrado se você for apreciando a caminhada. Na nossa experiência, os tempos de caminhadas de tudo na Nova Zelândia é extremamente subestimado.

Embora os caminhos sejam extremamente bem indicados em praticamente todo lugar que fomos, muitos mostram apenas o tempo de caminhada, e ainda pode haver uma pegadinha: round, one way, two way. Se um caminho é round, o tempo mostrado é para dar uma volta e chegar  novamente de onde você saiu. Agora se o tempo é one way, significa que para ir e voltar você tem que dobrar o tempo mostrado, embora em alguns lugares mostre two way, que já seria a ida e volta.

E como regra, sempre é bom tirar uma foto do mapa no início da caminhada (muitos lugares tem um bom mapa no início das trilhas).

29 de mar. de 2023

Nova Zelândia - Parte 1

Recentemente eu fiz uma grande viagem de férias pela ilha norte da Nova Zelândia e, a despeito de ter preparado bem a viagem, muita coisa sobre a Nova Zelândia eu só aprendi ou descobri ao chegar lá.

Por este motivo, resolvi escrever um pouco não sobre a viagem em si, mas sobre algumas dicas importantes que eu acho que deveriam ser mais divulgadas para quem desejar se aventurar pelas terras daquele pais tão diferente e, em alguns aspectos, tão similar ao nosso.

E a primeira de todas: se você for alugar um carro, lembre-se que eles tem direção inglesa! Tudo bem, isto não é uma dica tão desconhecida, mas sempre é bom relembrar que não apenas a direção fica do "lado errado" do veículo como também o sentido das ruas e, principalmente, o sentido das rotatórias (e são muitas rotatórias!!!), que devem ser rodadas no sentido horário e quem vem da direita tem a preferência!

Além disso, um outro detalhe da mão inglesa: você ultrapassa pela direita! A pista para veículos lentos, e recomendo que você se comporte como um veículo lento pelo menos durante o período de adaptação, é a pista esquerda!

Parece simples, mas na prática, não é! Eu quase me envolvi algumas vezes em acidentes e se não fosse minha esposa estar junto comigo também prestando atenção teria sido muito difícil, logo, ou você pensa em fazer uma viagem sem carro ou já se prepara para algumas semanas estressantes lutando contra sua memória muscular a cada segundo atrás do volante.

Mas se você pensa que este é o único problema em relação a dirigir na Nova Zelândia, está bem enganado, porque além desta dificuldade, muitas outras coisas só foram descobertas lá.

A primeira delas: pedágio! Embora poucas rodovias sejam pedagiadas, eventualmente você acabará passando por uma e, ao contrário do Brasil, você não paga com moeda física. Na verdade, o que seria o posto de pedágio são um monte de câmeras, as quais reconhecem sua placa e colocam uma "nota de débido" na placa de seu carro.

Para poder pagar, você tem 5 dias para acessar o site oficial do departamento de estradas e rodagem (https://tollingonline.nzta.govt.nz/#/purchasetrips/prerequisites), clicar em aceitar no final da página e seguir adiante, o que o leva para um formulário no qual você consegue colocar a placa do veículo e o sistema já traz o quanto você deve. A partir daí o pagamento é feito com cartão de crédito.

O problema de não fazer isto em até 5 dias da passagem no pedágio, é que o departamento de estradas e rodagem irá gerar um boleto de pagamento diretamente para a locadora, acrescido de uma multinha. A locadora, espertamente, irá cobrar uma taxa extra de tratativa para este pagamento e o que seria um pagamento de 5 dólares canadenses de pedágio torna-se, dependendo da locadora, de até 50 dólares pela módica multa + taxa.

Outro grande problema, a depender de onde você vai: estacionamento.

Na maioria esmagadora dos locais onde eu estive, estacionamento não era, de verdade, um grande problema. As vagas são enormes e, mesmo com mão inglesa, fáceis de entrar e manobrar. Mas uma coisa você deve tomar cuidado, mesmo nas cidades menos cheias, onde vagas não são um problema: tempo de estacionamento.

Limite de 60 minutos
A maioria dos locais de estacionamento tem placas indicando a quantidade de minutos máxima que seu veículo pode permanecer. Embora não tenha visto nenhum controle e não exista um local para indicar a hora de chegada, diversos moradores locais disseram que este controle é realizado e se seu veículo ficar mais tempo que o indicado, você receberá uma multa na placa, ou seja, diretamente para a locadora, o que irá lhe acarretar dor de cabeça provavelmente após o final de sua viagem.

O segredo é procurar os locais sem tempo fixo. Marinas, pontos turísticos, museus... muitos destes locais tem vagas sem tempo ou com tempo expandido, o que facilita utilizar eles como pontos de estacionamento e, de lá, andar um pouco.

Já nos grandes centros (Auckland, Wellington, Hamilton) o estacionamento pode se tornar facilmente uma grande dor de cabeça.

No centro de Auckland, por exemplo, vagas de rua são difíceis de encontrar e o limite de tempo nunca é superior a 180 minutos, na melhor das hipóteses. Pegar um estacionamento é a melhor opção e, mesmo assim, é uma opção bem cara, porque não sairá menos de 30 dólares por parada.

Em Wellington é pior ainda. No centro as vagas em geral são de 60 minutos e os estacionamentos mais caros ainda. Existe um complexo de estacionamento chamado Clifton Car Park que fica a 15 minutos do cable car, que oferece o melhor custo benefício, chegando a 20 dólares por um dia inteiro de estacionamento, o que o torna uma ótima opção para parar bem cedo e fazer o centro da cidade a pé. De lá você consegue visitar praticamente tudo o que existe de turístico usual, mas vai exigir das suas pernas.

Uma outra opção em Wellington, porém mais cara, é estacionar no museu Te Papa. O estacionamento não ficará tão barato, mas ele não tem limite e também é extremamente central, podendo ser outra opção flexível e que não exigirá que você tenha que ficar trocando de vaga a cada duas horas.

E por fim, em se tratando de carro, estradas e ruas também tem seus segredos!

A maioria esmagadora das estradas na ilha norte, incluindo "grandes" rodovias, são compostas de pistas simples, mão dupla, sem canteiro central e sem acostamento! E muitas delas cheias de curvas montanha acima e montanha abaixo, em diversas ocasiões, inclusive sem guard rail.

Isto significa: atenção redobrada! Você nunca sabe quando um local está vindo após uma curva comendo parte da sua pista! Acreditem: isto aconteceu muito mais vezes comigo do que gosto de lembrar...

Adicionalmente, a velocidade limite geral na Nova Zelândia é de 100 km/h, salvo outra informação. Dentro das cidades ela cai corriqueiramente para 50 km/h e nas zonas escolares chega a 30 km/h. Não vi radares eletrônicos, mas vi muitos policiais controlando, tanto dentro de cidades como fora de cidades.

Recomendação 35km/h
Em compensação, uma coisa interessante e que poderia até ser adicionado na sinalização brasileira, é que muitas curvas mostram uma velocidade recomendada. Esta indicação não é o limite de velocidade, mas sim a velocidade na qual você consegue fazer aquela curva de forma segura, independente das condições.

Outro detalhe importante é que muitas pontes (muitas mesmo) são de pista simples, mesmo em rodovias. E nestas pontes você precisa ficar atento a quem tem a prioridade de passagem. Uma placa na chegada da ponte mostra uma seta para você e uma para o outro sentido. A seta maior indica a preferência na passagem. Muita atenção nestas situações!

E por fim, obras. As estradas da Nova Zelândia estão constantemente em reparos e obras, indicados por cones (o pessoal que coloca cones em ruas e estradas são bem eficazes... hehehehehehehe) e, usualmente, velocidades temporárias. Se você ver uma velocidade temporária de 50 ou 30 km/h em uma estrada normalmente sem limite (100 km/h), cuidado! Em muitos casos pode ser que um pedaço da estrada tenha afundado ou deslizado e você se verá em uma situação de pista menor que simples rapidamente.

E em situações mais críticas, uma determinada rodovia é simplesmente fechada! Indicativos de rotas alternativas são marcados com placas contendo um quadrado com fundo colorido. Mas não confie nelas! O pessoal acredita que você sabe onde quer chegar e os sistemas de navegadores (já falo sobre eles) não te ajudam muito nestas situações. Por sorte, embora as pistas não sejam uma Brastemp, elas são muitas, e opções geralmente não faltam.

Já quando falamos de cidades a situação é muito melhor. Geralmente elas são bem sinalizadas e você deverá tomar cuidado principalmente com as faixas de pedestre, que tem a preferência sobre o trânsito de carros em quase todos os locais, incluindo em muitas curvas a direita e a esquerda.

Apenas um detalhe a parte: Wellington. A cidade foi realmente criada em uma região proveniente de atrito de placas tectônicas, o que significa que ela é cheia de altos e baixos (e muito propensa a terremotos). Isto em si não seria um problema, não fosse o caso das ruas serem estreitas, mão dupla, com ônibus e, geralmente, ainda terem locais estacionados no que eu considero estacionamentos irregulares. Uma rua desta forma, no Brasil, muito provavelmente teria sido convertida a muito tempo em mão única e pista simples... mas não lá...

Por fim, navegadores e GPSs também podem ser uma dor de cabeça.

De forma resumida: o Waze, navegador padrão de muitos no Brasil, é uma M#$%&@ sem tamanho e mal cheirosa na Nova Zelândia. Ele não leva você para o local correto, pega caminhos literalmente bizarros e demora a se corrigir.

Depois de falar com o pessoal que mora lá, todos foram categóricos em dizer que Waze realmente não presta para uso cotidiano por lá.

O navegador de escolha na Nova Zelândia é o Google Maps! Além de você poder baixar os mapas offline (o que evita você ter uma conexão contínua 3G) ele acerta muito melhor os caminhos e te leva com precisão onde precisa. O único inconveniente é ouvir a navegação em português de Portugal (pelo menos no iPhone).

Um último detalhe: combustível. Embora eu falarei sobre isto em outro post, também é bom citar aqui que a maioria esmagadora de postos de combustível tem pagamento diretamente nas bombas ou em uma máquina central, não aceitando dinheiro. Tudo é feito via pagamento com cartão. São poucos postos onde consegui pagar com dinheiro, e somente em horário comercial...