16 de jan. de 2024

Pix matou o DOC... ou o progresso vem para o bem ou para o mal

 Nesta última segunda feira, dia 15, o sistema de transferências bancárias via DOC foi extinto (oficialmente isto acontecerá apenas dia 29, porque ainda existem transferências na modalidade para serem compensadas).

O motivo disto é, obviamente, o Pix, que revolucionou a forma como os brasileiros trabalham com o dinheiro. Afinal de contas, para que que alguém ainda utilizaria um DOC, que eventualmente era cobrado pelos bancos, para enviar no máximo R$4.999,99 em uma transferência que poderia levar até 24h para ser compensado quando pode fazer o mesmo sem limite (falarei disto depois), com efetivação instantânea e de forma gratuita?

O Pix matou completamente esta forma de movimentação e, em breve, mais outras coisas serão mortas, como os débitos automáticos, que o Pix programado provavelmente enterrará, assim como anos atrás a digitalização dos bancos matou os cheques (quem não lembra dos adesivos "bom para").

O futuro e a evolução são inevitáveis e temos de nos adaptar a elas, seja para o bem, como o Pix, seja para o mal, como atualmente anda a discussão sobre utilização de I.A. para geração de imagens.

Mas mesmo para as alterações que vem majoritariamente para o bem, como o Pix, sempre podem existir coisas com as quais devemos nos preocupar e que, muitas vezes, nem sequer foram cogitadas originalmente.

A padronização de Pix gerou toda uma série de novas formas de roubo. As instituições financeiras deixaram limites irreais de transferência para seus clientes e os ladrões se aproveitaram da velocidade da efetivação da transferência para lucrar rapidamente. Um efeito colateral não previsto e que, até o momento, não tem muita solicitação.

Mas resumindo, não se apegue demais a como as coisas são ou foram, porque, com a velocidade com que estão mudando, talvez amanha seja tudo diferente...

7 de jan. de 2024

A Ilha Misteriosa

Dando seguimento à épica leitura das obras completas de Júlio Verne, chegamos à Ilha Misteriosa, romance de 1873 que acompanha a história de cinco náufragos de um balão.

Tentando escapar de uma cidade americana controlada pelos opositores durante a guerra de secessão americana, os cinco improváveis amigos roubam um balão durante o ataque de um furacão, o qual os leva para os confins do mar, até uma ilha aparentemente desabitada, o que os torna náufragos improváveis, pois não vieram de uma embarcação usual.

Inicialmente o engenheiro Cyrus é dado como morto na queda do aeróstato, mas após alguns dias, ele é encontrado ainda com vida, o que além de inesperado, já que ele é encontrado mais adentro na ilha, sem saber como lá chegou, providencial, pois, como em diversos livros de Verne, ele é a fonte inesgotável de saber, que lidera os demais, então, colonos da ilha batizada de Ilha Lincon.

A história segue, então, nas peripécias feitas pelos colonos não apenas para sobreviver, mas também para prosperarem na ilha, criando desde um refúgio quase inexpugnável até mesmo plantações, moinhos e tudo o mais.

Mas por mais impressionante que seja a capacidade estes colonos, diversos fatos misteriosos sempre parecem ajudá-los quando eles mais precisam, desde o salvamento Cyrus. E isto é o que torna este livro interessantíssimo: ele junta outros dois livros anteriores no mesmo universo compartilhado.

O primeiro, os Filhos do Capitão Grant, é conectado quando, ao descobrirem a existência de uma ilha próxima, a ilha Tabor, eles resolvem fazer uma carca para lá navegarem e, ao chegarem lá, encontram Ayrton, um dos algozes daquele livro, agora recuperado de seus crimes e tornado um sexto habitante da ilha Lincon.

Já o segundo livro é muito mais improvável, porque a figura misteriosa que parece ajudar os colonos é ninguém menos que o Capitão Nemo, 18 anos após os eventos finais de 20.000 Léguas Submarinas. O Nautilus havia sobrevivido ao Maelstorm e, após a morte dos seus tripulantes, um a um, fora buscar aposentadoria justamente na ilha Lincon, uma ilha não mapeada. O Capitão, ao ver os colonos, resolveu ajudá-los eventualmente, o que se torna extremamente providencial durante todo o livro.

E já que livro de mais de 100 anos não tem spoiler, ainda veremos novamente Robert, o Filho do Capitão Grant, pilotando o Denver e caminhando para a salvar os colonos que, no último capítulo do livro, sofrem um perrengue que nem a inteligência de Cyrus conseguiria contornar.

No fim das contas, o livro é surpreendentemente interessante, contando uma história empolgante e que liga os pontos entre duas outras obras do autor.