17 de mar. de 2024

Proibição de Fotos em Formatura

 Tive uma experiência extremamente desagradável bem recentemente em uma festa de formatura.

Fui convidado para toda cerimônia de formatura de uma universidade aqui em Curitiba (missa, colação e festa), na qual eu conhecia não apenas uma, mas 3 formandas. Não pude ir na missa, pois foi em um horário no qual eu ainda estava ocupado com coisas do meu trabalho, mas fui à colação e à festa, tudo organizado por uma empresa chamada Formatture.

Olhei os convites de ambos os locais onde fui (colação e festa) e, em nenhum deles, constava que seria proibido tirar fotos. Isto, na minha opinião, seria inclusive bizarro em um mundo de celulares, onde um iPhone 14 Pro Max tem, na prática, mais chances de tirar uma foto boa do que eu com minha câmera.

Avaliei, porém, que na colação, por ser realizada em um teatro, não fazia sentido levar a câmera, já que sem uma lente com um grande zoom não conseguiria tirar nada que prestasse mesmo.

Na festa, em compensação, eu levei minha câmera canon EOS 80R, uma câmera semi-profissional com mais de 10 anos idade, juntamente com a lente 25-50mm que veio com ela quando a comprei e um flash adicional. Nada realmente especial e, mais uma vez, nada que hoje em dia um bom celular não consiga fazer com relativa agilidade.

Ao chegar na festa, obviamente existiam diversos "cenários" montados para os formandos tirarem fotos com a equipe contratada pela Formatture, os quais contavam com flashs externos, luzes e softs, todos já preparados e ajustados. Obviamente nem tentei tirar fotos lá, já que eu iria obviamente atrapalhar o esquema já preparado pela empresa.

Porém, na entrada dos formandos, me posicionei próximo à pista, porém, obviamente fora dela, desliguei o flash, já que não queria porventura "concorrer" com os flashs da equipe de fotografia da empresa e aguardei até a entrada dos formandos, momento em que levantei minha câmera para tirar algumas fotos da entrada deles. Foi aí que meus problemas começaram...

Uma representante da empresa, assim que viu minha câmera, veio diretamente até mim exigindo que eu guardasse a câmera pois era proibido tirar fotos ali, exigindo que eu guardasse a câmera no guarda volumes (nem mesmo na mesa poderia deixar). Eu questionei o porque de terem me deixado entrar com ela (já que ela estava em uma bolsa de câmera bem fácil de ser vista), momento no qual ela chamou os seguranças para me "escoltarem" até o guarda-volumes.

Tentei argumentar mais uma vez e ela disse, de uma maneira bem ríspida, que os formandos tinham assinado um contrato de proibição de máquinas semi-profissionais ou profissionais e que ela poderia processar eles.

Neste momento falei para ela que, obviamente, o motivo daquilo era somente porque ela iria querer vender as fotos únicas e exclusivas dela para faturar mais, ao que ela me respondeu algo como "claro, é meu dinheiro".

Neste momento uma das formandas que conheço já havia entrado e saí dali realmente contrariado em direção à mesa onde estava a bolsa da minha máquina sendo surpreendido pela representante ter me seguido junto com dois seguranças e querendo saber quem era a formanda da mesa na qual eu estava sentado.

Nesta altura não estava mais nem olhando para ela, guardando vagarosamente minha câmera e, posteriormente, sendo levado por um dos dois seguranças, muito mais educado e compreensivo que a representante da Formatture.

A festa acabou para mim naquela hora...

Em um mundo no qual, novamente, câmeras de celular bem operadas podem fazer um belo serviço, um motivo puramente exploratório como proibir fotos me deixa sem fala. Até mesmo o critério do que pode ou do que não pode é extremamente subjetivo: se tivesse levado minha câmera portátil, que não pode com certeza ser considerada semi-profissional mas também uma Canon que, inclusive, aceita múltiplas objetivas, poderia ter tirado fotos? E se tivesse levado minha Canon profissional antigona, que ainda usava filme, eu poderia ou não tirar fotos?

E tudo isto para que? Simplesmente para se esconder atrás de uma barreira intransponível: se os formandos querem fotos, que sejam as minhas, independente de serem ou não "personalizadas", e devem pagar mais por isto.

No lugar de uma proibição destas, porque não melhorar os serviços e fazer mais fotos melhores e personalizadas? Se as fotos oficiais deles fossem melhores do que as minhas, não vejo porque os formandos não as comprariam. Mas isto, obviamente, acarretaria em mais trabalho e mais custos para a Formatture, e é muito mais fácil (e lucrativo) forçar artificialmente a exclusividade.

E pior de tudo, lá pelas 2:00 a equipe de fotografia parou para comer. Eu, claro, entendo a necessidade de se alimentar, principalmente em um evento que segue noite adentro. Mas por quase uma hora a festa ficou praticamente sem registro fotográfico, perdendo, inclusive, uma garotinha de pouco mais de 5 anos subindo ao palco e dançando com a banda que estava tocando.

Simplesmente um descaso e uma falta de visão de futuro

16 de jan. de 2024

Pix matou o DOC... ou o progresso vem para o bem ou para o mal

 Nesta última segunda feira, dia 15, o sistema de transferências bancárias via DOC foi extinto (oficialmente isto acontecerá apenas dia 29, porque ainda existem transferências na modalidade para serem compensadas).

O motivo disto é, obviamente, o Pix, que revolucionou a forma como os brasileiros trabalham com o dinheiro. Afinal de contas, para que que alguém ainda utilizaria um DOC, que eventualmente era cobrado pelos bancos, para enviar no máximo R$4.999,99 em uma transferência que poderia levar até 24h para ser compensado quando pode fazer o mesmo sem limite (falarei disto depois), com efetivação instantânea e de forma gratuita?

O Pix matou completamente esta forma de movimentação e, em breve, mais outras coisas serão mortas, como os débitos automáticos, que o Pix programado provavelmente enterrará, assim como anos atrás a digitalização dos bancos matou os cheques (quem não lembra dos adesivos "bom para").

O futuro e a evolução são inevitáveis e temos de nos adaptar a elas, seja para o bem, como o Pix, seja para o mal, como atualmente anda a discussão sobre utilização de I.A. para geração de imagens.

Mas mesmo para as alterações que vem majoritariamente para o bem, como o Pix, sempre podem existir coisas com as quais devemos nos preocupar e que, muitas vezes, nem sequer foram cogitadas originalmente.

A padronização de Pix gerou toda uma série de novas formas de roubo. As instituições financeiras deixaram limites irreais de transferência para seus clientes e os ladrões se aproveitaram da velocidade da efetivação da transferência para lucrar rapidamente. Um efeito colateral não previsto e que, até o momento, não tem muita solicitação.

Mas resumindo, não se apegue demais a como as coisas são ou foram, porque, com a velocidade com que estão mudando, talvez amanha seja tudo diferente...

7 de jan. de 2024

A Ilha Misteriosa

Dando seguimento à épica leitura das obras completas de Júlio Verne, chegamos à Ilha Misteriosa, romance de 1873 que acompanha a história de cinco náufragos de um balão.

Tentando escapar de uma cidade americana controlada pelos opositores durante a guerra de secessão americana, os cinco improváveis amigos roubam um balão durante o ataque de um furacão, o qual os leva para os confins do mar, até uma ilha aparentemente desabitada, o que os torna náufragos improváveis, pois não vieram de uma embarcação usual.

Inicialmente o engenheiro Cyrus é dado como morto na queda do aeróstato, mas após alguns dias, ele é encontrado ainda com vida, o que além de inesperado, já que ele é encontrado mais adentro na ilha, sem saber como lá chegou, providencial, pois, como em diversos livros de Verne, ele é a fonte inesgotável de saber, que lidera os demais, então, colonos da ilha batizada de Ilha Lincon.

A história segue, então, nas peripécias feitas pelos colonos não apenas para sobreviver, mas também para prosperarem na ilha, criando desde um refúgio quase inexpugnável até mesmo plantações, moinhos e tudo o mais.

Mas por mais impressionante que seja a capacidade estes colonos, diversos fatos misteriosos sempre parecem ajudá-los quando eles mais precisam, desde o salvamento Cyrus. E isto é o que torna este livro interessantíssimo: ele junta outros dois livros anteriores no mesmo universo compartilhado.

O primeiro, os Filhos do Capitão Grant, é conectado quando, ao descobrirem a existência de uma ilha próxima, a ilha Tabor, eles resolvem fazer uma carca para lá navegarem e, ao chegarem lá, encontram Ayrton, um dos algozes daquele livro, agora recuperado de seus crimes e tornado um sexto habitante da ilha Lincon.

Já o segundo livro é muito mais improvável, porque a figura misteriosa que parece ajudar os colonos é ninguém menos que o Capitão Nemo, 18 anos após os eventos finais de 20.000 Léguas Submarinas. O Nautilus havia sobrevivido ao Maelstorm e, após a morte dos seus tripulantes, um a um, fora buscar aposentadoria justamente na ilha Lincon, uma ilha não mapeada. O Capitão, ao ver os colonos, resolveu ajudá-los eventualmente, o que se torna extremamente providencial durante todo o livro.

E já que livro de mais de 100 anos não tem spoiler, ainda veremos novamente Robert, o Filho do Capitão Grant, pilotando o Denver e caminhando para a salvar os colonos que, no último capítulo do livro, sofrem um perrengue que nem a inteligência de Cyrus conseguiria contornar.

No fim das contas, o livro é surpreendentemente interessante, contando uma história empolgante e que liga os pontos entre duas outras obras do autor.