29 de mar. de 2023

Nova Zelândia - Parte 1

Recentemente eu fiz uma grande viagem de férias pela ilha norte da Nova Zelândia e, a despeito de ter preparado bem a viagem, muita coisa sobre a Nova Zelândia eu só aprendi ou descobri ao chegar lá.

Por este motivo, resolvi escrever um pouco não sobre a viagem em si, mas sobre algumas dicas importantes que eu acho que deveriam ser mais divulgadas para quem desejar se aventurar pelas terras daquele pais tão diferente e, em alguns aspectos, tão similar ao nosso.

E a primeira de todas: se você for alugar um carro, lembre-se que eles tem direção inglesa! Tudo bem, isto não é uma dica tão desconhecida, mas sempre é bom relembrar que não apenas a direção fica do "lado errado" do veículo como também o sentido das ruas e, principalmente, o sentido das rotatórias (e são muitas rotatórias!!!), que devem ser rodadas no sentido horário e quem vem da direita tem a preferência!

Além disso, um outro detalhe da mão inglesa: você ultrapassa pela direita! A pista para veículos lentos, e recomendo que você se comporte como um veículo lento pelo menos durante o período de adaptação, é a pista esquerda!

Parece simples, mas na prática, não é! Eu quase me envolvi algumas vezes em acidentes e se não fosse minha esposa estar junto comigo também prestando atenção teria sido muito difícil, logo, ou você pensa em fazer uma viagem sem carro ou já se prepara para algumas semanas estressantes lutando contra sua memória muscular a cada segundo atrás do volante.

Mas se você pensa que este é o único problema em relação a dirigir na Nova Zelândia, está bem enganado, porque além desta dificuldade, muitas outras coisas só foram descobertas lá.

A primeira delas: pedágio! Embora poucas rodovias sejam pedagiadas, eventualmente você acabará passando por uma e, ao contrário do Brasil, você não paga com moeda física. Na verdade, o que seria o posto de pedágio são um monte de câmeras, as quais reconhecem sua placa e colocam uma "nota de débido" na placa de seu carro.

Para poder pagar, você tem 5 dias para acessar o site oficial do departamento de estradas e rodagem (https://tollingonline.nzta.govt.nz/#/purchasetrips/prerequisites), clicar em aceitar no final da página e seguir adiante, o que o leva para um formulário no qual você consegue colocar a placa do veículo e o sistema já traz o quanto você deve. A partir daí o pagamento é feito com cartão de crédito.

O problema de não fazer isto em até 5 dias da passagem no pedágio, é que o departamento de estradas e rodagem irá gerar um boleto de pagamento diretamente para a locadora, acrescido de uma multinha. A locadora, espertamente, irá cobrar uma taxa extra de tratativa para este pagamento e o que seria um pagamento de 5 dólares canadenses de pedágio torna-se, dependendo da locadora, de até 50 dólares pela módica multa + taxa.

Outro grande problema, a depender de onde você vai: estacionamento.

Na maioria esmagadora dos locais onde eu estive, estacionamento não era, de verdade, um grande problema. As vagas são enormes e, mesmo com mão inglesa, fáceis de entrar e manobrar. Mas uma coisa você deve tomar cuidado, mesmo nas cidades menos cheias, onde vagas não são um problema: tempo de estacionamento.

Limite de 60 minutos
A maioria dos locais de estacionamento tem placas indicando a quantidade de minutos máxima que seu veículo pode permanecer. Embora não tenha visto nenhum controle e não exista um local para indicar a hora de chegada, diversos moradores locais disseram que este controle é realizado e se seu veículo ficar mais tempo que o indicado, você receberá uma multa na placa, ou seja, diretamente para a locadora, o que irá lhe acarretar dor de cabeça provavelmente após o final de sua viagem.

O segredo é procurar os locais sem tempo fixo. Marinas, pontos turísticos, museus... muitos destes locais tem vagas sem tempo ou com tempo expandido, o que facilita utilizar eles como pontos de estacionamento e, de lá, andar um pouco.

Já nos grandes centros (Auckland, Wellington, Hamilton) o estacionamento pode se tornar facilmente uma grande dor de cabeça.

No centro de Auckland, por exemplo, vagas de rua são difíceis de encontrar e o limite de tempo nunca é superior a 180 minutos, na melhor das hipóteses. Pegar um estacionamento é a melhor opção e, mesmo assim, é uma opção bem cara, porque não sairá menos de 30 dólares por parada.

Em Wellington é pior ainda. No centro as vagas em geral são de 60 minutos e os estacionamentos mais caros ainda. Existe um complexo de estacionamento chamado Clifton Car Park que fica a 15 minutos do cable car, que oferece o melhor custo benefício, chegando a 20 dólares por um dia inteiro de estacionamento, o que o torna uma ótima opção para parar bem cedo e fazer o centro da cidade a pé. De lá você consegue visitar praticamente tudo o que existe de turístico usual, mas vai exigir das suas pernas.

Uma outra opção em Wellington, porém mais cara, é estacionar no museu Te Papa. O estacionamento não ficará tão barato, mas ele não tem limite e também é extremamente central, podendo ser outra opção flexível e que não exigirá que você tenha que ficar trocando de vaga a cada duas horas.

E por fim, em se tratando de carro, estradas e ruas também tem seus segredos!

A maioria esmagadora das estradas na ilha norte, incluindo "grandes" rodovias, são compostas de pistas simples, mão dupla, sem canteiro central e sem acostamento! E muitas delas cheias de curvas montanha acima e montanha abaixo, em diversas ocasiões, inclusive sem guard rail.

Isto significa: atenção redobrada! Você nunca sabe quando um local está vindo após uma curva comendo parte da sua pista! Acreditem: isto aconteceu muito mais vezes comigo do que gosto de lembrar...

Adicionalmente, a velocidade limite geral na Nova Zelândia é de 100 km/h, salvo outra informação. Dentro das cidades ela cai corriqueiramente para 50 km/h e nas zonas escolares chega a 30 km/h. Não vi radares eletrônicos, mas vi muitos policiais controlando, tanto dentro de cidades como fora de cidades.

Recomendação 35km/h
Em compensação, uma coisa interessante e que poderia até ser adicionado na sinalização brasileira, é que muitas curvas mostram uma velocidade recomendada. Esta indicação não é o limite de velocidade, mas sim a velocidade na qual você consegue fazer aquela curva de forma segura, independente das condições.

Outro detalhe importante é que muitas pontes (muitas mesmo) são de pista simples, mesmo em rodovias. E nestas pontes você precisa ficar atento a quem tem a prioridade de passagem. Uma placa na chegada da ponte mostra uma seta para você e uma para o outro sentido. A seta maior indica a preferência na passagem. Muita atenção nestas situações!

E por fim, obras. As estradas da Nova Zelândia estão constantemente em reparos e obras, indicados por cones (o pessoal que coloca cones em ruas e estradas são bem eficazes... hehehehehehehe) e, usualmente, velocidades temporárias. Se você ver uma velocidade temporária de 50 ou 30 km/h em uma estrada normalmente sem limite (100 km/h), cuidado! Em muitos casos pode ser que um pedaço da estrada tenha afundado ou deslizado e você se verá em uma situação de pista menor que simples rapidamente.

E em situações mais críticas, uma determinada rodovia é simplesmente fechada! Indicativos de rotas alternativas são marcados com placas contendo um quadrado com fundo colorido. Mas não confie nelas! O pessoal acredita que você sabe onde quer chegar e os sistemas de navegadores (já falo sobre eles) não te ajudam muito nestas situações. Por sorte, embora as pistas não sejam uma Brastemp, elas são muitas, e opções geralmente não faltam.

Já quando falamos de cidades a situação é muito melhor. Geralmente elas são bem sinalizadas e você deverá tomar cuidado principalmente com as faixas de pedestre, que tem a preferência sobre o trânsito de carros em quase todos os locais, incluindo em muitas curvas a direita e a esquerda.

Apenas um detalhe a parte: Wellington. A cidade foi realmente criada em uma região proveniente de atrito de placas tectônicas, o que significa que ela é cheia de altos e baixos (e muito propensa a terremotos). Isto em si não seria um problema, não fosse o caso das ruas serem estreitas, mão dupla, com ônibus e, geralmente, ainda terem locais estacionados no que eu considero estacionamentos irregulares. Uma rua desta forma, no Brasil, muito provavelmente teria sido convertida a muito tempo em mão única e pista simples... mas não lá...

Por fim, navegadores e GPSs também podem ser uma dor de cabeça.

De forma resumida: o Waze, navegador padrão de muitos no Brasil, é uma M#$%&@ sem tamanho e mal cheirosa na Nova Zelândia. Ele não leva você para o local correto, pega caminhos literalmente bizarros e demora a se corrigir.

Depois de falar com o pessoal que mora lá, todos foram categóricos em dizer que Waze realmente não presta para uso cotidiano por lá.

O navegador de escolha na Nova Zelândia é o Google Maps! Além de você poder baixar os mapas offline (o que evita você ter uma conexão contínua 3G) ele acerta muito melhor os caminhos e te leva com precisão onde precisa. O único inconveniente é ouvir a navegação em português de Portugal (pelo menos no iPhone).

Um último detalhe: combustível. Embora eu falarei sobre isto em outro post, também é bom citar aqui que a maioria esmagadora de postos de combustível tem pagamento diretamente nas bombas ou em uma máquina central, não aceitando dinheiro. Tudo é feito via pagamento com cartão. São poucos postos onde consegui pagar com dinheiro, e somente em horário comercial...

26 de mar. de 2023

20.000 Léguas Submarinas

 Continuando minha leitura dos livros de Julio Verne, cheguei a um dos mais clássicos, se não o mais clássico, deles: 20.000 Léguas Submarinas, o qual terminei durante minha viagem de férias.

O livro conta a história do naturalista Aronax, seu auxiliar Conseil, e o arpoador Ned Land que, após o naufrágio de seu navio, ordenado para caçar o “animal” que vinha assombrando os mares, acabam resgatados pelo famoso capitão Nemo. O animal nada mais era do que o Nautilus, o engenhoso submarino, provido de força elétrica e espantoso em toda sua construção.

Aos náufragos é feita uma oferta: eles seriam livres dentro do Nautilus, mas nunca mais poderiam deixar o submarino. Em troca eles teriam oportunidade de conhecer um mundo nunca antes visto por outros humanos.

Ao longo de 7 meses os três companheiros visitam locais inimagináveis, como a própria Atlântida e o polo sul, enfrentando junto do destemido capitão Nemo diversas aventuras, como o ataque do octópode gigante que, muito diferente do mostrado nos filmes, não é apenas um, mas um grupo que acaba matando um dos tripulantes.

Também muito diferente de todos os filmes, nunca chegamos a descobrir as reais motivações de Nemo, e o livro termina sem que saibamos sequer de o Nautilus sobreviveu ao Maelstrom ou não.

Curioso que mesmo os motivos que levam o estudioso Aronax a sair do submarino são estranhos e pouco convincentes, coisa que nos filmes também é retratada de forma diferente.

Ainda assim, o livro é muito mais do que vemos no cinema e em qualquer adaptação que já houvera lido, escutado ou assistido, porém, também muito menos por todos estes pontos abertos que deixam o leitor à própria sorte.

Como adendo, finalmente consegui compreender o título do livro: a distância total percorrida pelos companheiros enquanto em poder do Capitão Nemo.